pôr.

Entrei no compacto veículo batendo, violentamente, a porta. A raiva ainda me abatia, de alguma forma. Não quis olhar em seus olhos, então fixei o meu olhar em algo á minha frente. A temperatura era baixa e o meu braço mostrava, sem vergonha, pontinhos de arrepio, eu tremia. Quando me acalmei a ponto de conseguir identificar o som que saia das caixas, sentí uma profunda calma, Cat Power. Acho que ela tinha feito de propósito.
Dobramos em algumas ruas, avenidas. Ainda conseguia ouvir, fraquinho, o som vindo do exterior do carro. De repente ali estava ele, como se brincasse de se esconder atrás das folhas de palmeiras sem perceber que elas não são grandes o suficiente para escondê-lo. Tudo a sua volta era uma mistura de rosa, púrpura, azul.. Imperceptível. Conforme o carro andava, lentamente devido ao acúmulo de outros veículos á frente, ele se mostrava, inocente. A voz que me invadia os ouvidos parecia a trilha sonora daquela cena absolutamente inesquecível, tão simples. De repente, o ambiente não parecia tão frio e tudo fez sentido dentro de mim, como se eu voltasse a ser criança outra vez, por curtos três minutos. O tempo não passava tão rápido, como de costume. Era como se a vida estivesse em câmera lenta pra que eu percebesse que tudo é bem mais simples do que parece.

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