a injustiçada.

é a mesma coisa todos os dias, de segunda a segunda: ela acorda cedo, toma banho cuidadosamente, veste-se e parte antes que o sol possa invadir a janela.
chega no trabalho que, para falar a verdade, é, em certos momentos, um lugar no qual ela se tranquiliza e esquece, com uma ajudinha dos amigos, os problemas que a esperam horas mais tarde. não que o local de trabalho seja lá um paraíso, nada é perfeito, mas ela tenta fazer com que seja. as dificuldades enfrentadas ali a fazem crescer (e muito). acho que as pessoas não percebem isso.
em seguida ela parte para as aulas. estudar nunca foi o seu forte, especialmente se a grande maioria das disciplinas a fazem infeliz. ela não tem muitos amigos na faculdade. ultimamente tem se aproximado de pessoas que a divertem, mas não está certa do quanto pode confiar nas mesmas. ela sempre foi meio medrosa mesmo.
depois de tudo isso, uma turma a espera com sede de conhecimento. talvez esse seja o momento mais gostoso e complicado do dia. acho que ela sempre quis ensinar, se fazer útil. ali, os conhecimentos dela afloram e ela percebe que sua existência não é em vão. ela não é só mais uma pessoa seguindo um cotidiano, é responsável pelo crescimento pessoal de algumas pessoas.
muitos acreditam que ela tem uma vida fácil, que tem tudo nas mãos, ela foi criada assim, mas, há algum tempo, ela foi jogada no mundo para buscar sozinha o que quer e precisa. encarar a vida não é fácil, mas, afinal, quem disse que a vida seria fácil?
ela não pode se deixar abater no fim do dia, porque amanhã tem muito mais e ela precisa carregar o sorriso no rosto, ou não aguenta nem metade do que a espera.
e, pra ser sincera, ela nem faz questão que o seu dia-a-dia se torne fácil. tudo que ela queria era que as pessoas parassem de lhe apontar o dedo acusando-a de blasfemias.